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Desafios Energéticos e Climáticos: O Futuro da Mobilidade no Brasil



O Brasil está enfrentando desafios climáticos e energéticos significativos nos últimos anos, com o aumento da temperatura global e a escassez de recursos hídricos desempenhando papéis centrais nessa crise. O aquecimento global tem contribuído para secas mais intensas, afetando diretamente a geração de energia hidrelétrica, que responde por aproximadamente 60% da matriz energética do país. Um exemplo emblemático é o complexo hidrelétrico de Belo Monte, localizado no Pará, cuja capacidade de geração foi prejudicada pelas secas recorrentes e pela redução do fluxo dos rios .


O impacto direto dessa escassez hídrica tem sido a adoção de bandeiras tarifárias mais caras no fornecimento de energia. As bandeiras tarifárias foram introduzidas como um mecanismo para repassar ao consumidor os custos adicionais da geração de energia em períodos críticos. A bandeira verde indica condições favoráveis de geração, sem custo adicional. A bandeira amarela sinaliza custos moderados, enquanto a bandeira vermelha, dividida em patamar 1 e patamar 2, é acionada quando há necessidade de ativar usinas termelétricas, que são mais caras e mais poluentes.


Em 2023, o custo do quilowatt-hora (kWh) sob a bandeira vermelha patamar 2 foi de R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos . Esse cenário aumenta a pressão sobre o consumidor e o setor produtivo, tornando a energia elétrica um insumo caro e pouco previsível. Além disso, é importante mencionar que essa energia também serve como fonte para a crescente frota de veículos elétricos, que, apesar de serem uma alternativa mais sustentável, têm sua viabilidade questionada em um contexto de geração cara e com impactos ambientais incertos.


Essa situação faz com que seja fundamental repensarmos o modelo energético e de transporte no Brasil. Em um país de dimensões continentais, onde as condições climáticas podem variar drasticamente, é prudente considerar uma matriz híbrida para a mobilidade. A combinação de veículos movidos a eletricidade, etanol, gasolina e gás natural pode ser uma solução viável. O Brasil já tem uma vantagem com sua frota flex, que permite o uso de etanol, um combustível renovável e com menor impacto de emissões em comparação com a gasolina . A diversificação da matriz veicular, com carros elétricos em regiões mais favorecidas e veículos flex ou a gás em áreas com menos infraestrutura, pode garantir uma transição sustentável sem dependermos exclusivamente de uma única fonte de energia.


A necessidade de soluções híbridas se alinha com o cenário atual de incertezas climáticas e escassez de recursos. O Brasil possui um vasto potencial de biocombustíveis, especialmente o etanol, que pode desempenhar um papel crucial na descarbonização do setor de transportes. No entanto, sem uma estratégia clara para integrar essas fontes e expandir a infraestrutura necessária, o país corre o risco de enfrentar uma crise energética ainda maior, à medida que a demanda por eletricidade e combustíveis cresce.


Marcelo Bottura, Head of Pricing Checkprice

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